As autoridades de saúde na província de Tete afirmaram ter sido surpreendidas por denúncias que indicam o alegado uso de medicamentos antirretrovirais (ARVs) na criação de frangos. A informação, divulgada recentemente, está a gerar grande preocupação pública e levou o Serviço Provincial de Saúde (SPS) a abrir uma investigação oficial.
Segundo o SPS, a entidade não tinha conhecimento prévio do estudo que deu origem às denúncias, mas garantiu que irá aprofundar o caso para apurar a veracidade dos factos e determinar a origem dos medicamentos mencionados.
A polémica foi desencadeada após a divulgação de um estudo do Centro de Empoderamento da Juventude Galamukani, que aponta para o desvio de antirretrovirais das unidades sanitárias e depósitos do Sistema Nacional de Saúde. De acordo com o relatório, esses medicamentos estariam a ser utilizados na produção avícola, supostamente para acelerar o crescimento dos frangos e reforçar a resistência das aves.

As fugas de medicamentos em Tete já eram alvo de monitoria há algum tempo, mas a nova denúncia trouxe maior atenção ao tema, especialmente por envolver a cadeia alimentar e o consumo humano. O Serviço Provincial de Saúde alerta que, caso os factos sejam confirmados, a situação poderá representar uma ameaça direta à saúde pública.
AGRICULTURA TAMBÉM INVESTIGA O CASO

A Direcção Provincial de Agricultura e Pescas, através do Departamento de Pecuária, confirmou igualmente a abertura de um inquérito. A instituição está a ouvir produtores e intermediários do sector avícola, recolhendo informações no terreno para esclarecer o cenário e responder às preocupações das comunidades.
As autoridades destacam que a investigação pretende não só determinar responsabilidades, mas também acalmar o pânico que se instalou entre consumidores, que temem riscos associados ao consumo de carne de frango produzida com substâncias inadequadas.
POR QUE ESTE TIPO DE SITUAÇÃO OCORRE

De acordo com relatos recolhidos no contexto das investigações, vários fatores estão a levar indivíduos a desviarem e venderem medicamentos destinados ao tratamento do HIV:
- Pressão económica: o comércio ilícito de medicamentos tornou-se uma forma rápida de obter rendimento.
- Mercado paralelo: existe uma procura crescente por produtos que supostamente aceleram o crescimento de frangos, mesmo que de forma ilegal.
- Falta de fiscalização: a dificuldade em monitorar depósitos, unidades sanitárias e cadeias de distribuição facilita fugas sistemáticas de fármacos.
- Desinformação: muitos vendedores e pequenos produtores desconhecem os riscos e acabam envolvidos em práticas perigosas por influência de terceiros.
POPULAÇÃO EXIGE RESPOSTAS IMEDIATAS
Com o aumento da preocupação comunitária, consumidores e líderes locais têm apelado para que as autoridades apresentem esclarecimentos rápidos. Tanto o sector da saúde como o da agricultura assumiram o compromisso de divulgar os resultados assim que as investigações forem concluídas.
O caso reacende o debate sobre o controlo de medicamentos, o fortalecimento da fiscalização e a necessidade de políticas mais rígidas para impedir o desvio de fármacos essenciais destinados às unidades sanitárias.
