
MATALANE, MOÇAMBIQUE — No contexto dos 16 Dias de Activismo contra a Violência Baseada no Género, surgem relatos concretos sobre abusos sexuais e sextortion dentro das Forças de Defesa e Segurança, particularmente na Polícia da República de Moçambique (PRM), na região de Matalane. Diferente de teorias ou rumores, trata-se de informações verificadas e documentadas que apontam para práticas de chantagem sexual contra civis, em especial mulheres jovens.
O sextortion — prática que combina “sex” e “extortion” — ocorre quando agentes de autoridade exigem favores sexuais em troca de serviços, proteção, documentos ou até oportunidades de emprego. Em Matalane, vítimas relataram situações de assédio e coerção, incluindo exigências de favores sexuais para liberação de documentos administrativos e intervenção em processos legais.
O relato da vítima e impacto na comunidade
Mulheres da comunidade afirmam que o medo de represálias faz com que poucas denunciem. O silêncio prolonga os abusos e cria um ciclo de impunidade, afetando não apenas as vítimas diretas, mas toda a confiança da população na polícia local. Organizações de direitos humanos consideram que o problema é estrutural e exige reformas profundas, incluindo supervisão externa e canais seguros de denúncia.
Recomendações de especialistas
Durante os 16 Dias de Activismo, especialistas enfatizam a necessidade de:
1. Canal de denúncia seguro e independente;
2. Supervisão externa das ações da PRM;
3. Transparência e responsabilização de agentes envolvidos;
4. Formação contínua sobre ética profissional, direitos humanos e gênero;
5. Proteção às vítimas contra intimidação e represálias.
A importância da denúncia
O caso de Matalane evidencia que a violência baseada no género não escolhe espaço e que a própria instituição de segurança pode, em alguns casos, ser um ambiente de risco. Falar sobre esses casos é fundamental para que a população recupere a confiança e para que se implementem medidas reais de prevenção e justiça.
